sábado, 14 de abril de 2012

Djalma Maranhão


Uma noite, logo depois da Anistia, fui ouvir uma palestra de Darcy Ribeiro na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro. No auditório com gente saindo pelo ladrão, Darcy - grande figura, erudito, excelente orador - começou a brilhar como uma constelação. Falou sobre as amarguras do exílio, o desejo de voltar que cresce nos exilados dia após dia, o frio dos invernos que fere como mil agulhas brancas. De repente, falou de um encontro que teve com Djalma Maranhão em Montevidéu. Em poucas palavras, traçou o pefil de Djalma, sua atuação política em Natal, seu projeto educacional revolucionário "De Pé no Chão Também se Aprende a Ler". Para Darcy, visivelmente emocionado, Djalma havia morrido no exílio de saudade e tristeza. Em Montevidéu, ele se recusava a aprender uma só palavra de espanhol, praticamente não se comunicava com os uruguaios que o acolhiam. Com os amigos brasileiros, Djalma conversava como se estivesse numa esquina, num bar ou num café de sua cidade, no meio de velhas amizades sempre renovadas. Natal era uma presença no seu coração. E uma ausência que o levou à morte, em julho de 1971. As palavras de Darcy Ribeiro trouxeram Djalma, de corpo inteiro, para perto de mim. Chorei, fazendo muito esforço para não soluçar.
(Texto de Nei Leandro de Castro in Rua da Estrela, foto autor desconhecido)

Um comentário:

Miguel disse...

Olá,
Desculpe a invasão, mas estou
tentando sem sucesso conseguir
o contato de e-mail do sr. Nei Leandro de Castro.
Sou do Rio, mestrando em música, e minha pesquisa é sobre o músico Rogerio Rossini. O contato com o sr. Nei seria muito importante. Obrigado.
migueldelaquila arroba gmail com